domingo, 8 de abril de 2012

O contexto histórico

Para compreender as obras de Shakespeare, é necessário conhecer o contexto em que foram produzidas. Torna-se indispensável, portanto, pontuar alguns acontecimentos marcantes como o fim da Guerra dos 100 Anos, A Guerra das Duas Rosas, O Renascimento e o Período Elizabetano. 

A GUERRA DOS CEM ANOS (1337-1453)

          As disputas por terras entre França e Inglaterra culminaram na Guerra dos Cem Anos, que trouxe graves consequências à população dos dois países. O conflito inicia-se durante a sucessão ao trono francês com a morte de Carlos IV. Havia dois sucessores: Filipe de Valois, francês e sobrinho do rei, e Eduardo III, rei da Inglaterra, neto do mesmo rei. Os franceses coroaram Filipe de Valois (Filipe VI). Essa decisão afetou os planos dos comerciantes ingleses que queriam livre acesso à região de Flandres (importante polo de manufaturas de tecidos), e os produtores de lã de Flandres que desejavam se livrar dos entraves feudais impostos pelos franceses. Em 1337, os franceses declararam guerra à Inglaterra.
A guerra, apesar de longa, não foi contínua e teve vários períodos de tréguas e paz. Ela ocorreu ao mesmo tempo em que a “peste negra” assolava a Europa. Nesse período, a situação da França era desesperadora: as despesas com a guerra, as doenças e a estagnação do comércio fizeram a burguesia exigir maior participação no governo.
Após várias derrotas, Carlos V subiu ao trono francês e a França colecionou muitas vitórias, mas após sua morte o território francês foi dividido: ao norte governado pelo inglês Henrique V e ao sul pelo francês Carlos VII. Nesse período, surgiu Joana D´Arc, que representava a luta francesa contra o invasor inglês. Após muitas batalhas, os territórios do norte voltaram ao controle francês. Em 1453, a França obteve sua unificação territorial e política.
Apesar das mortes e graves problemas econômicos iniciais, a Guerra dos Cem Anos foi importante para a França porque consolidou a monarquia e as bases do novo Estado nacional, acelerando, ainda, o desenvolvimento econômico francês.

A GUERRA DAS DUAS ROSAS (1455-1485)

          Terminada a Guerra dos Cem anos, as crises econômica e social inglesas aumentaram consideravelmente. A nobreza perdera territórios e o comércio com Flandres. Os militares e financeiros dos reis aumentaram seus poderes livrando-se das restrições da nobreza feudal. Nesse contexto, iniciou-se a disputa pela sucessão ao trono envolvendo duas famílias: os Lancaster de tradição feudal; e os York, de pensamento mercantilista – estas famílias exibiam rosas em seus brasões, por isso deu-se ao conflito o nome de Guerra das duas Rosas.
          A Guerra durou 30 anos (1455-1485) e contou com sangrentas batalhas. Boa parte da nobreza foi dizimada. Em 1485, Henrique Tudor, que tinha laços com as duas famílias, pôs fim ao conflito, coroando-se rei com o título de Henrique VII.

O PERÍODO ELISABETANO

          No curso do século XVI, surgiu na Europa Ocidental o fenômeno político denominado ABSOLUTISMO com o fortalecimento do rei, assim como da queda das resistências dos camponeses, o subjugo da Igreja e o declínio feudal. Nessa forma de política, o rei detinha poderes absolutos – era fonte de sabedoria, poder e leis legitimados por Deus.
Rainha Elizabeth I
          Quem melhor definiu a ideologia absolutista foi o teórico Thomas Hobbes (1588-1619), que justificava o Estado absoluto como a superação do “estado de natureza”. Para Hobbes, na sociedade primitiva o homem era movido pelo interesse próprio. Numa fase posterior, os homens dotados de razão buscavam unir-se, mediante contrato: uns sedem seus direitos a um soberano. Renunciava-se ao direito de liberdade em benefício do Estado. Assim, o Estado deveria ser absolutista protegendo os cidadãos contra a violência e o caos.
          Na Inglaterra, o absolutismo iniciou-se na dinastia Tudor com Henrique VIII. Mas a figura principal deste modelo de governo foi Elizabeth I, que reinou por 45 anos (1558-1603). Durante seu reinado houve o apogeu do absolutismo inglês. Para impor sua autoridade, Elizabeth I:
  • adotou o protestantismo e a submissão da Igreja Anglicana ao Estado;
  • fortaleceu a política;
  • reprimiu os católicos;
  • reduziu a atuação do legislativo (Parlamento);
  • fortaleceu a produção interna de tecidos;
  • apoiou a pirataria e modernizou a frota marítima, etc.
          Foi também no período elisabetano que se desenvolveu as bases para o processo de produção manufatureira, com a garantia de fontes de matérias-primas, ampliação das pastagens, barateamento da mão-de-obra (expulsão dos camponeses para as cidades) e o início da colonização inglesa na América do Norte.

RENASCIMENTO

A Criação de Adão, de Michelangelo (1511)
          O termo designa o reviver da cultura clássica greco-romana no século XIV. Foi o aprofundamento de várias mudanças desencadeadas desde o século XI, sem repetir pura e simplesmente a cultura clássica, mas reinventá-la, dando novas perspectivas. O homem dessa época caracteriza-se pelo individualismo, racionalismo, otimismo, naturalismo, etc. Eles repudiavam as ideias medievais. Era o homem de concepção antropocêntrica (homem como centro do universo) ao contrário do homem medieval teocêntrico (Deus como centro do universo). A cultura renascentista expandiu-se por toda Europa e foi financiada por comerciantes, banqueiros e papas que formavam a elite (denominados mecenas).
          Os principais fatores que geraram o renascimento foram:
  •   no plano econômico: o intercâmbio comercial entre Ocidente e Oriente;
  •  no plano social: a urbanização e ascensão da burguesia; 
  • no plano intelectual: a retomada dos estudos das obras clássicas greco-romanas e, finalmente, o aperfeiçoamento da imprensa.
          A nova cultura floresceu, inicialmente, nas grandes cidades italianas (Veneza, Pisa, Gênova, Florença e Roma) e expandiu-se na Europa no período de consolidação dos Estados modernos absolutistas. Seus principais representantes foram:
          Na Itália: 
  • Giotto, Botticelli, Rafael, Michelangelo (pintura e escultura);
  • Petrarca, Boccaccio e Nicolau Maquiavel (literatura);
  • Leonardo da Vinci (pintor, escultor, músico, arquiteto, matemático, filósofo, inventor);
Fora da Itália:
  • Dürer e Holbein (pintura); 
  • William Shakespeare, Gil Vicente, Sá de Miranda, Luís de Camões, Miguel de Cervantes, Rabelais, Thomas Morus (literatura).
Bibliografia: 
  • MELLO, Leonel Itaussu A. & COSTA, Luís César Amad. 5 ed. História Moderna e Contemporânea. São Paulo. Scipione. 2000
  • PAZZINATO, Alceu L. & SENISE, Maria Helena V. História Moderna e Contemporânea. 14 ed. São Paulo. Ática. 2002.
  • VICENTINO, Claudio. História Geral – Volume único. 1 ed. São Paulo. Scipione, 2000

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